Fotografia

Fotografia

A fotografia constitui um campo à parte na exposição Café Mundo. Nossa pesquisa procurou evitar imagens clássicas do século XIX, já muito conhecidas e debatidas, para trazer ao público fotografias inéditas, tanto no circuito paulista quanto brasileiro. Selecionamos dois fotógrafos: o amador Armínio Kaiser, que registrou cafezais do interior de São Paulo e do Paraná nas décadas de 1950 e 1960 em imagens nunca exibidas fora do Paraná; e o artista colombiano Jorge Panchoaga, cuja série Casí Cafe [Quase café] é inédita no Brasil. As escolhas se aproximam das artes visuais, destacando trabalhos que, de formas distintas, imprimem ao tema do café uma visualidade incomum.

Caipira-Preto

Armínio
Kaiser

Salvador - BA, 1925
— Londrina - PR, 2014

Formou-se agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) e foi trabalhar em fazendas de café pelo Instituto Brasileiro de Café (IBC), colaborando no beneficiamento do grão e no tratamento do solo. Kaiser sempre foi um ideólogo; acreditava que, aliada à tecnologia, a agricultura poderia contribuir para o desenvolvimento humano. Suas imagens do trabalho diário em fazendas de café expressam esses sentidos, com profundidades infinitas e planos em que sujeito e ambiente se ligam em um trabalho quase solitário. O olhar atento e o rigor formal e geométrico sugerem recortes interligados de uma realidade que não pode ser apreendida integralmente. A obra de Kaiser remete ao esgarçamento das relações, opondo as técnicas de produção em massa ao ambiente rural familiar. Suas fotos trazem a esta exposição uma visada completamente diferente daquela das imagens que nos habituamos a ver; sem sua grandiosidade eloquente, têm uma natureza mais humana, ainda que objetificada pela lente da câmera.

Caipira-Preto

Jorge Yamid
Tobar Panchoaga

Popayán, Colômbia, 1984

É um artista com formação em antropologia e ciências sociais. Seus projetos fotográficos têm se desdobrado em formatos instalativos e/ou incorporado outras linguagens. Café Mundo reúne dez imagens da série Casí Cafe, que tem como objeto o café consumido na Colômbia. Ao invocar o café, Jorge sabia que lidaria com um dos símbolos nacionais de seu país. Ao mesmo tempo, expõe os lugares e os gestos do consumo de um café que é considerado de baixa qualidade: o dito bom café colombiano é quase inteiramente exportado, e apenas o excedente é colocado à venda no mercado local. As imagens de Panchoaga investigam o café sem rótulo, sem grandes marcas, rodeado pela cultura popular colombiana – como nos tinteros, vendedores ambulantes de café. Aos poucos, percebemos o café como centro de uma experiência autenticamente colombiana, fixa nos movimentos em torno desse símbolo nacional do país.

Leia mais sobre o artista em https://www.panchoaga.com/almost-coffe